Apesar dos recursos que a internet oferece ainda reluto em abandonar o tradicional método de leitura, isto é, ler um livro impresso. Para fazer-se pesquisas, leituras rápidas, a internet oferece recursos e vantagens indispensáveis, mas para a leitura integral o livro impresso ainda tem preferências para muitas pessoas.
Não é muito difícil compreender o por que desta preferência . O computador, por mais recursos que ofereça fica sempre aquém do livro impresso, principalmente em uma obra de cunho artístico, como romance e poesia. O computador não substitui o prazer de tocar, sentir as páginas em nossa mão, saborear a leitura como saboreia-se um manjar delicioso. O teclado e o mouse oferecem sensações de ordem diferente, muito aquém daquelas experimentadas por quem lê o livro impresso. O ato de ler no computador é um tanto artificial se comparado à leitura impressa, essa superficialidade como qualquer outra superficialidade é anti-natural e toda sensação antinatural é sempre desconfortável.
Ao ler um texto impresso pode-se dizer que quem lê está namorando com o autor, ao ler no computador podemos dizer que o leitor está apenas conversando com o autor. Há diferenças marcantes entre os dois modos.
Lembro de um dia em que estava lendo um conto de Tolstói na biblioteca Mario de Andrade em São Paulo. Era um dia frio. O título do conto era “ Uma tempestade de neve “. Neste conto o personagem fazia a descrição de uma viagem feita em uma gelada noite. Nunca esquecí a sensação que sentí ao ler aquele conto. Parecia-me que era eu quem estava naquela carruagem andando através da noite em uma estrada na Rùssia, cheguei a sentir frio. Sentí frio mesmo.
Só os grandes artistas têm esse poder de evocação que faz com que o pensamento do leitor transporte-se para outro tempo-espaço, faz com que o leitor vivencie na própria pele, sinta, emocione-se como se fosse consigo próprio.
Tal experiência jamais poderia ser sentida por meio do computador. Por isto, muitos como eu vão manter-se fiéis ao tradicional método de leitura impressa.